DRUMMOND


( Página em construção )

É esse Drummond que o Brasil conhece, 
que nos dá poesia, 
que alimenta a vaidade de Minas, 
que deu voz a Itabira, 
que personificou amendoeiras e junto a elas outoneou, 
que passa por aqui nestes versos e deixa de ser ausente, 
assimilando o  sentimento.
E agora Drummond ?
Quer ir para Minas? 

Quer abrir a porta?

Está sem discurso...
Você marcha, Drummond, mas para onde?
( Marília Mendes )

Ausência (Drummond)

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

 A Língua Lambe (Drummond)

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos


O CHÃO É A CAMA PARA O AMOR URGENTE100-189593-0-5-o-amor-natural

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.


E para repousar do amor, vamos à cama.

 

Referências:

ANDRADE, Carlos Drummond de. O amor natural. Rio de Janeiro: Record, 1994