Faz tempo que não te escrevo

25 de janeiro de 2012 0 comentários
Faz tempo que não te escrevo. Tiraram-me o tempo de te escrever poeticamente.
Fui ter com minha mãe e ela não quer que eu te escreva.
Meu pai chegou a desensinar-me as letras.
Então eu comecei a escrever nas paredes, no muro da sua casa,
no papel de presente que embrulhava um livro que era teu.

Escrevi ontem no vidro do carro,
hoje tracei algumas linhas nos meus documentos,
escrevi nome sério na postagem virtual.
Recorri ao e-mail ( truncado ), à página que te pertence para escrever-te o último sonho que tive.
De onde não imaginava, surgiu teu bilhete enfático:
"Continue a me escrever. Apenas para eu ter a certeza de que você me escreve
sem interesse algum, sem mágoa alguma, sem a tal senhora tristeza envelhecendo entre nós."


Escreva-me a alma triste, a alma lavada e a desalmada.
Se queres um palpite, põe fé na tua alegria e me aqueça
( infinitamente ) com palavras.
Foto de Domingos Peixoto
O resto não importa.


Marília Mendes

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