My castle, my rules!

14 de junho de 2013 1 comentários
Depois de ver O DISCURSO DO REI ganhar 04 oscars e adiar  essa sessão por inúmeras vezes, o filme chegou até as minhas mãos na leitura de Michel Foucault.
Com as estatuetas de melhor filme, ator (Colin Firth), diretor (Tom Hooper) e roteiro original, o drama conta a história real do Rei George VI (Firth)  na batalha dos ingleses contra os alemães.

A gagueira na década de 30, no século passado, torna-se o problema da realeza, do qual o personagem principal, dado a seus enfrentamentos, quer se libertar  e ocupar o seu lugar no trono.
 
As experiências que marcam a vida do protagonista, no entanto, acrescentam ao seu papel, outras reflexões como o histórico familiar, o cigarro, a doença, a relação do próprio corpo com o poder. Para liderar milhões de pessoas no curso de uma guerra, seu discurso deveria servir de declaração histórica ao povo britânico. O terapeuta, o amigo Lionel Logue (Geoffrey Rush), representa a confiança e a atitude diante do desenvolvimento da figura do  rei, que depois da morte do pai, o Rei George V (Michael Gambon) e da abdicação do Rei Eduardo VIII, vê-se obrigado a assumir o poder.
 
Rompe-se com a concepção de sujeito enquanto indivíduo. O sujeito como função ou como uma posição que se ocupa nos discursos. As relações de poder se estabelecem. Podemos falar em biopoder, sim. Este filme foi tão adiado por mim e, hoje, atenta à concepção de sujeito em Foucault, eu estou me encantando com o Discurso do Rei. Nada mais justo escrever sobre, tomar a figura do rei como posição-sujeito, o que continuará existindo ainda que em outro corpo que o suporte.

O rei é uma posição-sujeito, com um corpo que, ausente, não impede que a posição de Rei continue existindo.  No filme, o que está em questão vai muito além da gagueira, da dificuldade pessoal do personagem. A exterioridade social que atua sobre o seu poder, através de outros discursos, é que produz o efeito da subjetividade. A subjetividade que implica no poder, na disciplina do Rei para exercer seu poder soberano.

Um bom filme em um bom momento.


                                                      Marília Mendes

1 comentários:

  • Anônimo disse...

    Marília, vc sempre com muita intimidade com as palavras. Sou muito suspeito de falar, porque leio e gosto de tudo que você produz e amo O discurso do rei. Foi um prêmio pra lá de bem merecido. beijo do amigo
    Carlos Henrique.