
Uma chuva é íntima.
Se o homem a vê de uma parede
umedecida de moscas;
Se aparecem besouros nas folhagens;
Se as lagartixas se fixam nos espelhos;
Se as cigarras se perdem de amor pelas árvores;
E o escuro se umedeça em nosso corpo.
( Manoel de Barros )
O MEU SOBREPAREDE
Não quero amor de árvore,
nem beijo de chuva.
entre nós, não deve haver nenhum contraste.
Bastam-nos os beijos de aquarela,
enfileirados de rua,
azuis ou amarelos,
não importam as matizes.
Não quero sequer eternidade
porque ela é curta,
desprega como miçanga.
Quero sim,
meu esconderijo secreto.
Pensamento em mim
que não se consegue desfazer...
embora tente, substitua, improvise...
tua alma brinca de leve de gardênia
com aroma de corpo
no sobressalto de barro
misturando-(nus)
todos
E quando Deus refaz o mundo cheio de Marílias...
Somente elas fazem mágicas em rachaduras de paredes.
(Desengavetei entre os meus guardados.Este é de 2007)
( Marília Mendes )
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