Sou (só) tua!

24 de março de 2013 1 comentários

Pode ser que o seu discurso sibilino-amoroso me convença
ou me faça fugir, 
sendo que ficar é ainda minha melhor alternativa.
Ainda que a chuva encharque teu desejo mais opaco
que vai ficando morto, que vai ficando torto.

Pode ser que um "sim" teu, seja a única maneira de eu me reconciliar comigo mesma ou no teu "não", eu me torne infinitamente forte, o bastante para desviar-me de um caminho ou de todos os teus atalhos.

Pode ser que eu me veja em você, mas só de vez em quando, imersa na tua falta de arriscar, de insistir e me amar. Pode ser cruel, mas permitirá novas palavras. Pode ser palavra de resignação. Palavra virtual, mínima, palavrão.

Pode ser numa manhã de quinta-feira ou no feriado mais próximo, no abril ou na tônica do inverno, no reverso desse abraço macho em que eu me perca ou que eu me ache.

Pode ser a gota d'água ou o oceano imenso. Nele flutua casa, gente, fome, dentada, morada de nós dois, enluarada, desendereçada de tudo.
Quer no meu pavio curto ou na tua brasa, eu me envio para você, virtualmente e tu me beijas, me aquece, me enrubesce, presencialmente.

Que sim ou que não...o poder ser é toda condição. Numa noite com sol, resguardo de beldade. Tua imaginação me escapa. Eu sinto um vento fino nas costas, me sopras para o "não" e me arrastas para o "sim".
Sou (só) tua!
Porque quando se pensa que não há mais tempo, que ele se transforma no TODO TEMPO DO MUNDO.

Lila Morena, 24/03/13


Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser... 
Álvaro De Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)







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