Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria
deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras
desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela
que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou,
e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com
aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado
atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito
exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram
dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender
que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de
casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o
deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais
distraídos.
Autor: Clarice Lispector Editora: Rocco, 2008
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