Poesia de perfil

29 de maio de 2011 0 comentários
Eu descubro coisas sobre mim, quase sempre, naquilo com que menos me importo. Nessa hora, torno-me anjo, compreensível.
E quando me importo, é preciso esquecer um pouco de mim.
Refaz-se na face, cacófato, encorajada, a própria mulher, instruída.
Desato os nós e entorno o caldo, ainda suave, merecedora da tua mão, fina, sobre minhas asas.
A pele (des)morena, de um todo nele, sinestésico , estanque na virada .
Descomplexa, com seu beijo inconteste, inspira-me a alma e perfeito para o hoje, és dádiva.
Para isso, eu viro fera e toco os sinos...
(Marília Mendes)







Cipó caboclo, lenhoso, na sua áspera pele com flor amarelada.
Em sua cápsula, sementeira , depurativo, afrodisíaco, que porte é esse...
Deitado na grama, qual moça airosa, pensaventivo, torto, sem conclusão que lhe sirva de apoio.
Sobe para cima, pleonasismo botânico, rústico.
De quebra, em Minas, cipó caboclo, de ramo,
enrosca-se neutro,viçoso, como namoro de outonizar...
Vai ficando folha , longilíneo, vai perdendo distância e poupando a dor.
Alegre, desponta,Muirateta, outros signos, com gosto de saudade.
                                                                                     (Marília Mendes )

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