Canteiros

12 de agosto de 2012 0 comentários
O que está desabrochando aqui, meu amor, é o céu.
Ele vem de mim.
Ele vem de ti, de vidas passadas.
A minha cama é bruto desejo, 
tem todo um jeito desgovernado de se instalar.
Teus olhos se espalham (sobre)
e eu continuo ( dentro ).

De repente, eu quero ser sua
e vou me estampando em cores
no intervalo entre nós.
Teu beijo será meu...
teu castanho, teu branco, lírios nos olhos que tens,
capta minha alma, me beija em segredos
e eu te venero pelas beiradas.
O que desabrochas, aí, meu amor, eu quero saber,
preciso entender, perfume de almaria, de mato,
da minha cama, tão bruto desejo,
eu me deito e me estendo na saudade do que ainda vai ser.
Respiro sol, de sede, de poesia.

Amor, fale baixo, assobia,
que do outro lado, alguém nos ouve,
debaixo da chuva fria,
teu peito em chamas
evapora e forma gotículas de ensinamento.
Do mesmo canteiro, jardim de teu corpo, 
florindo ( dentro ) e eu,
te arrematando ( fora ).

 Lila  Mendes


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