De maio em maio

30 de abril de 2016 7 comentários
"I know not what tomorrow will bring"...


Quem nasce em maio parece não viver...
exaspera-se.
Tem nome artístico, veia poética,
os melhores desejos do mundo
e uma beleza vaidosa na manga.
As mãos são sempre ocupadas,
e o beijo torna-se calmo de madrugada.
O corpo toma o espaço do amor,
tendo todos os contornos da alma.
Desfaz-se ao final do ano
como uma silepse de gênero.
Na chuva de novembro, recordaste o sol de maio,
das miçangas do "tempo em tempo da vida"...
Quem nasce em maio,
tem uma sintaxe de geminiano fogoso,
implícito como pérolas em feituras cênicas.
São de maio aquele e aquela que vivem o amor depois do amor...
em hipérboles de beijos, de desejos mal contados.
O corpo no corpo, muito avesso ao que se mostra.
É de maio, quem suspira a rasura de pele não dormida.
Disfarçam palavras, não param 
e bem compreendem as mudanças.
É quase inverno, mas o peito pulula em chamas, 
quase novo na estação.

Maio é o mês das joias raras, guardadas, infindas.
Tem suavidade de eufemismo nato,
sem dor, sem mágoas, assim como a poesia de hoje...
Miraculosa no corpo, que só entende a linguagem dos bons.
-Pregressa, metafórica, sensualmente de alma.
Possessa e insípida desde o começo, mas cheia de coragem.

(Marília Mendes)
* Este poema foi selecionado para uma coletânea de poemas em Campinas, em maio de 2015. O livro está a caminho.



7 comentários:

  • Anônimo disse...

    Marília, como a vida é engraçada. Dia desses eu comentava com a Valéria: A Marília podia publicar seu livro.Daí você nos surpreende com esta notícia. Quando estiver chegando a noite dos autógrafos, faremos questão de prestigiar você, nossa amiga e querida de sempre. Sucesso!Abraços
    Alexandre

  • LILA MENDES disse...

    Agora, sim! A resposta, Alexandre e Valéria.

    Plantar uma árvore, ter um filho, escrever um livro ( Plantar un árbol, tener un hijo, escribir un libro). A frase é atribuída ao poeta cubano José Martí. Acredito que, sem pular nenhuma etapa, tenho conseguido, num único misto, plantar e gerar pela viagem da escrita. Quem escreve um livro, refloresta o mundo, dá a luz àquele que lê, cria um vínculo com aquilo que ama. Não devo nada à ecologia, nem ao ciclo da vida, muito menos à arte. Um livro pode ser a minha árvore, o meu herdeiro e o testemunho de uma história legítima. QUEM VIVER, LERÁ. Beijo, amigos.

  • Anônimo disse...

    Que beleza minha amiga das letras. Orgulhosa estou de você. Este livro será o primeiro de muitos outros que virão. sucesso!Avisa direitinho sobre as datas. Vou tentar colocá-lo aqui no Correio braziliense.
    Cris Aguilar.

  • Anônimo disse...

    Tão delicado e bonito como você. Finalmente, um livro. Agora será dona escritora Lila. Abraços minha querida.

    Prof. Pedro

  • Anônimo disse...

    Marília,

    quando leio teus textos, lembro sempre da minha ex-namorada, que é poeta e escrevia poemas para mim em todas as datas festivas. Mas os versos continuam pulsando dentro e fora do papel. Você escreve como ela, com tanta emoção que eu chego a ficar emocionado, quando visito seu blog. Um livro é uma história. Em um livro cabem muitas histórias. Seja feliz com seus versos. Você me emociona.

    Carlos Alexandre